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Capítulo 27 de 51

1A pobreza fez cair vários deles no pecado. Quem procura enriquecer afasta os olhos de Deus.

2Como se enterra um pau entre as junturas das pedras, assim penetra o pecado entre a venda e a compra.

3O pecado será esmagado com o pecador.

4Se não te aferrares firmemente no temor ao Senhor, tua casa em breve será destruída.

5Quando se sacode a joeira, só ficam refugos; assim a perplexidade permanece no pensamento do homem.

6A fornalha experimenta as jarras do oleiro; a prova do infortúnio, os homens justos.

7O cuidado aplicado a uma árvore mostra-se no fruto; assim a palavra manifesta o que vai no coração do homem.

8Não louves um homem antes que ele tenha falado, pois é assim que se experimentam os humanos.

9Se procurares a justiça, hás de consegui-la, e dela te revestirás como de um manto de festa. Habitarás com ela, ela te protegerá para sempre; e, no dia do juízo, nela encontrarás apoio.

10As aves chegam-se aos seus semelhantes; assim a verdade volta àqueles que a põem em prática.

11O leão está sempre à espreita de uma presa; assim o pecado, para aqueles que praticam a iniquidade.

12O homem santo permanece na sabedoria, estável como o sol; mas o insensato é inconstante como a lua.*

13Na companhia dos tolos, guarda tuas palavras para outra ocasião. Sê de preferência assíduo junto às pessoas ponderadas.*

14A conversação dos pecadores é odiosa; eles se alegram nas delícias do pecado.

15Uma linguagem cheia de blasfêmias é horripilante, e sua grosseria fará com que não queiramos ouvi-la.

16Uma disputa entre orgulhosos faz correr sangue; suas injúrias fazem sofrer os ouvidos.

17Quem revela o segredo de um amigo perde a sua confiança, e não mais achará amigos que lhe convenham.

18Ama o teu próximo e sê fiel na amizade com ele;

19se desvendares seus segredos, em vão correrás atrás dele,

20pois, como um homem que mata seu amigo, assim é o que destrói a amizade do próximo;*

21como um homem que solta o pássaro que tem na mão, assim abandonaste o teu próximo, e não mais o encontrarás.

22Não o persigas, já está longe; escapou-se como uma gazela da armadilha. Porque a sua alma foi ferida,

23e não mais poderás curar sua ferida. Depois de uma injúria pode haver reconciliação;*

24desvendar, porém, os segredos de um amigo é um desespero para a alma desventurada.

25Aquele que tem um olhar lisonjeiro trama negros propósitos, e ninguém pode afastá-lo de si.

26Em tua presença só terá doçura nos lábios, admirará tudo o que disseres; mas em breve mudará sua linguagem e armará laços às tuas palavras.

27Abomino muitas coisas, porém nada tanto quanto ele; o Senhor também o detesta.

28Quem lança uma pedra no ar a vê recair sobre sua cabeça; a ofensa feita por traição atingirá também o traidor.

29Quem cava uma fossa cairá nela; quem põe uma pedra no caminho do próximo nela tropeçará; quem arma uma cilada a outrem nela será apanhado.

30O desígnio criminoso volta-se contra o seu autor, que não saberá de onde lhe vem o mal.

31A zombaria e a ofensa são próprias dos orgulhosos; a vingança os espreita como um leão.

32Aqueles que escarnecem do pecado dos justos serão apanhados no laço, e a dor os consumirá ainda vivos.

33Cólera e furor são ambos execráveis; o homem pecador os alimenta em si mesmo.